Declaração de amor
Um domingo bem movimentado: uma pesca de dar inveja a qualquer pescador, mais ou menos “mentiroso”; Jesus que cozinha para os seus apóstolos e prepara um piquenique a base de peixe no café da manhã; o mesmo Jesus que sabatina Pedro sobre o amor para com Ele. Bem não se trata de um Vestibular ou de um Enem, mas, de um afetuoso pedido a quem o tinha renegado três vezes e devia ser o chefe da Igreja. Por um lado a humildade de Pedro e por outro a fidelidade de Jesus que ama aquele que escolheu. Pedro tinha traído Jesus três vezes e Jesus, agora, testa o seu apóstolo para ver se de verdade o ama, e Pedro declara solenemente o seu amor por Jesus. Este Pedro é um homem frágil, mas generoso, com um coração cheio de amor a Jesus que o levará até o martírio em Roma. Nele vemos a fragilidade da Igreja, a fragilidade de cada apóstolo e missionário de todos os tempos, a tua a minha fragilidade. Só nos falta, agora, declarar o nosso amor incondicional a Jesus: chegou a nossa vez, meu amigo\a de dizer a Jesus: “Te amo!”
O que diz o texto. (Jo 21, 1-19)
Vamos dividir pedagogicamente Evangelho em duas partes: a) Jo 21,1-14; b) 21, 15- 19.
a)Jo 21, 1-14: O segredo: pescar com Jesus
“Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus“(v. 2). Esta é a única lista de apóstolos no Evangelho de João, mesmo que incompleta (são sete = universalidade). Pedro é o chefe deste núcleo que vai pescar junto. (v. 3).
“Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite”. (v. 3). (Ver Lucas 5,5). Fracasso total! Sem Jesus nada feito! É possível que o texto reflita também a dificuldade na época de João de anunciar o Evangelho.
“Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer”? Responderam: “Não”. Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis” (v. 4-5).
O texto original não fala de moços, mas de filhos! Filhos que não reconheceram o mestre! Todavia lhe obedecem sem pestanejar!(Cfr. Mt. 13,47-50).
“Lançaram, pois, a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor” [...] Estava cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. (v.6- 7.11).
Abundância de peixes com Jesus quando se pesca com! Lembra a abundancia de Cana, e a multiplicação dos pães. O n. 153 segundo S Jerônimo é devido ao fato que na época se pensava que as espécies de peixes fossem 153. O número indica a universalidade da Igreja simbolizada pela rede que não se rompe. O contexto é claramente eclesial e missionário.
Jo 21 15- 19: Amor não se discute!
“Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo” (v. 15. 17).
Jesus chama Pedro de Simão para que ele volte á sua origem, carne e sangue. Três vezes Jesus pergunta! Pedro se “chateia” vamos dizer a verdade, mas desta vez aprendeu a humildade. Na primeira pergunta Jesus fala de Amor - Ágape e Pedro responde com amor amizade; na segunda vez Jesus parece perceber a dificuldade de Pedro e não pede mais se o ama mais do que os outros e Pedro responde de novo com o termo amor amizade; na terceira vez é Jesus que muda o verbo e pede a Pedro se de verdade lhe quer bem.. Jesus sabe sempre se abaixar ao nosso nível!
“Segui-me!” (v. 19)
Desta vez Pedro seguirá Jesus até o fim até o martírio. Pedro não o renegará mais!
O texto ilumina nossa vida.
Três propostas de vida.
A fecundidade da Igreja depende de Jesus. (Atenção: isto vale sem dúvida também para a vida de família, de uma comunidade religiosa, e na nossa vida pessoal!) Sem Ele qualquer trabalho missionário, pastoral torna-se estéril e sem frutos. A pesca sem a presença de Jesus foi um fracasso para os apóstolos, mas, quando Jesus apareceu e mostrou o jeito certo a pescaria funcionou. Se muitas vezes nos matamos de trabalhos, e não vemos os frutos temos que nos perguntar, honestamente, se, por acaso, confiamos mais em nós, em nossa organização e não em Cristo Jesus, na graça e na oração. E até que não nos convencemos que mesmo sem nós e depois de nós a missão, o apostolado, o trabalho vão para frente, estaremos sempre pescando sem Jesus! Não somos indispensáveis nunca! Bento XVI que o diga! Sabemos que muitas vezes os frutos demoram, mas se Ele está em primeiro lugar, estes virão com certeza um dia! Confiança!
Proposta de vida: mudar nosso jeito de servir a Igreja sem estarmos apegados ao trabalho de Jesus, mas ao Jesus do trabalho! O trabalho será, sem dúvida, uma tranquila consequência!
Mas como desenvolver nosso serviço ao Reino, quais atitudes devemos ter? No evangelho de hoje Pedro vem em nossa ajuda. De fato à pergunta de Jesus: “me amas mais do que estes?” (v. 15) responde com muita humildade e com muito amor. As fragilidades da nossa vida, muitas vezes, ajudam todos nós a sermos humildes! Como isto é verdade na família, na vida social e eclesial, nos relacionamentos humanos.
Proposta de vida. “Apenas” servir, amar Cristo entregar-se a Ele sem querer ser mais do que os outros, sem buscar holofotes para nós; estes devem ser apontados para Ele.
Na primeira leitura Pedro (puxa, hoje é ele o “protagonista do amor e da coragem”!) afirma categoricamente diante das ameaças: “É preciso obedecer a Deus antes que aos homens” (v.29). Claro que também obedecer aos homens é muitas vezes também obedecer a Deus, mas, deixamos ao ES que fala em nossa vida, em nossa consciência a nos ajudar a discernir o jeito cristão de viver em cada momento.
Proposta de vida. Obedecer a Deus, buscar a sua vontade, seja na vida comum de todos os dias, seja nos imprevistos nem sempre alegres de nossa caminhada. Em cada escolha de vida, somos chamados a dar espaço a Deus, ao Reino, ao Evangelho.
O cantinho da oração.
Ø O salmo 29.
Experimente rezar esta semana este salmo para “transformar o pranto numa festa”. Afinal Jesus quer vir comer contigo como fez com os apóstolos na praia aquele dia!
Ø “Senhor tu sabes tudo, tu sabes que te amo!”
O grito do “pobre Pedro” tornou-se o grito de Pedro “pobre” de coração e humilde! Nesta semana pode ser a tua a minha oração sincera a Jesus. Ele sabe que apesar de tudo o amamos!
Ø Na segunda leitura Ap 5, 11-14 encontramos o canto de todas as criaturas da terra, do céu e do mar:
“Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor e a honra a glória e o poder para sempre.”. Vamos cantar e orar juntos, a vitória de Cristo!
Ø Hoje somos convidados a orar pelo Papa Francisco chamado neste “kairós” da história a amar mais como Pedro. “A origem jesuíta de Francisco, denota a convergência entre o perfil hierárquico e carismático da igreja na sua pessoa” (Cfr. Cidade Nova Abril 2013 pág. 29 artigo de Thiago Borges). Momento importante para nós também amar mais nossa Igreja sempre guiada pelo ES.
Boa semana para todos\as! Pe. Mário Guinzoni OSJ
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