Segundo domingo da Páscoa - C


Os presentes do Ressuscitado
Você gosta de presentes? Nem precisa perguntar não é? Mas, já refletiu que quando recebe um presente, o coração da pessoa vem junto com o pacote? É como se ao abrir o objeto que você ganhou você encontrasse um pedaço do amor do doador! Bem, Jesus neste domingo nos oferece quatro presentes pascais valiosíssimos e Ele, Jesus, com seu amor, vem junto com sua MISERICÓRDIA DIVINA: hoje é, justamente, o domingo da Misericórdia. Nós não temos dons á altura para retribuir, mas, pelo menos, vamos agradecer com a nossa vida por cada um deles. Assim, a liturgia deste domingo, nos faz um convite, para termos um encontro forte e decidido com Jesus, o Senhor Ressuscitado, pessoalmente e na comunidade. De fato, a primeira leitura (At 5,12-16) apresenta a explosão de vida nova da primeira comunidade de Jerusalém que brotou a partir da Ressurreição de Jesus. A Igreja vive a festa da vida nova!      

O Evangelho nos fala - Jo, 20,19-31.

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: A paz esteja convosco” (v.19. 21.26).
Apesar de João e Pedro terem visto o túmulo vazio, apesar da alegria e amor de Maria Madalena ainda a comunidade vive com muito medo e temor dos judeus, e os apóstolos ficam trancados em casa e trancados nos corações! O Evangelho, muitos anos depois relata o fato com clareza impressionante, fruto da experiência pessoal vivida pelos protagonistas. Shalom é saudação dos povos semitas e quer significar todo o bem possível para outra pessoa. Somente que Jesus não deseja apenas a paz, mas, a oferece, pois, Ele é a PAZ! (Ef, 2,14) e Ele é na linguagem pós – pascal, “o Senhor” (v.20).
“E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”(v. 22-23).
  O ES é ligado à morte e ressurreição de Jesus (Jo. 19,30). É o sopro de Deus, o Espírito do mesmo Cristo, o mesmo sopro do começo da Bíblia (Gn. 1,2). O perdão dos pecados é a missão de Cristo voltada para a salvação e o mesmo poder de amor é dado aos apóstolos! A marcha da misericórdia agora vai conquistar o mundo!
“Mas Tomé disse-lhes: Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei [...]   Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” (v. 25.27-28).
A fé é um tema básico em João. Tomé vê com olhos e vê, agora, com a fé, e,  nem precisa colocar o dedo nas marcas dos pregos, acredita e de sua boca e de seu coração humilde e pobre brota uma oração maravilhosa: Meu Senhor e meu Deus= uma bela profissão de fé e de amor!

O Evangelho nos ensina

Vamos conhecer os quatro presentes pascais, colocando-nos na perspectiva de Tomé e dos demais Apóstolos.
    Ø A paz.
Shalom é prosperidade, saúde, segurança, integridade, harmonia... Shalom é ligada à aliança divina e o Messias é identificado como o Príncipe da Paz, o inteiro, o completo, o íntegro. Desejar a paz é unir as forças de todos, não deixar ninguém de lado: viver em unidade. Paz é afinal o mesmo Deus.
Nem precisa dizer que falta esta paz no mundo não aquela inventada pelos homens! A paz dos homens é muitas vezes o medo da guerra. Não precisamos um pouco desta paz de Jesus hoje, nas famílias, nos ambientes de trabalho, na política, na vida pessoal até na Igreja? Paz é na verdade uma missão, pois, como o Pai enviou Jesus nós somos hoje enviados!
    Ø O Espírito Santo e a Missão.
João envia o ES no mesmo dia da ressurreição a diferença de Lucas (Atos 2,1-4). E é João que oferece uma catequese profunda sobre o E. S. Vejamos alguns textos: a) precisa renascer pelo ES (Jo 3,5); b) o ES é doado sem medida pelo Messias (3,34); c) o mesmo ES é doado também aos que creem em Jesus (7,39); d) é o Consolador, Paraclito, Advogado (14,16.26; 15,26; 16,7; Jo 2,1), o Espírito da verdade, (15,26; 16,13); e) é doado aos fieis pelo Pai (14,16); f) habita nos crentes glorificando o Filho (16,14); g) é sinal da união com Cristo (1 Jo 3,24 a 4,13).
Precisamos muito do ES hoje para viver como cristãos, sermos Igreja e testemunhas, profetas, viver a vocação, sermos homens e mulheres pascais, e até para “simplesmente” ter a coragem de viver e não ter medo da vida e anunciar Cristo com ousadia!
    Ø O perdão dos pecados.
Com sua morte e ressurreição Jesus fez uma “moratória” total na humanidade. Para João “pecado” é, sobretudo, não aceitar Deus, o Filho, a salvação. Um perdão que vem dele, mas, através de homens frágeis é um mistério que compreenderemos um dia...
Um presente este que pode dar serenidade, certeza interior, tranquilidade a cada um de nós que vive no mundo feito de inseguranças pessoais e sociais, ou vive com fantasmas do passado. Saber que Ele nos ama e porque ama perdoa é realmente uma BOA NOVA.
    Ø A Fé.
Fé é virtude “teologal” é dom de Deus em primeiro lugar, recebido no Batismo. Não dá para esquecer. Leva-nos a conhecer e amar a Deus concretamente. Em cada um \a de nós tem um pouco de Tomé: precisamos sempre nos converter para aceitar que o Senhor nos conduza muitas vezes na escuridão da noite ou apenas com a luz das estrelas que apontam o caminho. E, depois, quem sabe, precisamos nos ajoelhar, adorar, confiar como fez Tomé.
Presente valioso indispensável, hoje, quando vivemos sem muitas certezas, com dúvidas, com relativismo doutrinal e moral. Um dom pessoal, mas, também, comunitário e eclesial.

Viver e orar a Palavra

(Sugerimos um roteiro de vida pascal e de oração para esta semana).
a)  Em primeiro lugar deixar-nos, como João, arrebatar pelo ES” (Ap 1,10), dar-lhe espaço, permitir que o ES tome conta de nossa vida e nos guie no caminho de nossa vida sem medos (Cfr. Ap 1,17; Jo 20,19).
b)  O ES iluminará nossa mente para perceber que Jesus é o “Primeiro e o Último aquele que vive (Ap 1,17-18),  o centro de nossa vida.
c)  E na fé poderemos encontrar como os apóstolos, pessoalmente, Jesus e, no coração, dizer e até testemunhar: “Vimos o Senhor(v. 25). O nosso será um ver na fé, mas, igualmente profundo e real uma realização da bem-aventurança de Jesus: “Felizes aqueles que creem sem ter visto (Jo 20,29).
d)  Esta profunda experiência de Jesus, irá desembocar e se transformar numa oração cheia de amor: Meu Senhor e meu Deus (Jo 20,28). A oração de Tomé saiu dos seus lábios no momento de humildade e de arrependimento. Podemos recitá-la várias vezes, durante a semana, também nós como oração do coração como ato de fé no Ressuscitado e ato de total confiança nele.
e)  E a oração com toda naturalidade se tornará ação, vida compromisso. Também das cidades vizinhas de Jerusalém afluía muita gente, trazendo os enfermos e os atormentados por espíritos imundos, e todos eles eram curados” (At 5,16). Ao nosso redor há várias doenças, vários atormentados por maus  espíritos, que esperam de nós o carinho e o amor de Jesus. E há muita missão que nos espera!


BOA SEMANA. PADRE MÁRIO GUINZONI OSJ

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