O coração de Deus!
Bem, a estadia no monte Tabor (domingo passado) colocou em nosso coração o desejo de uma conversão verdadeira e de estar com Jesus. Como o sol ajuda a flor a desabrochar, a Graça de Deus, que sempre toma a iniciativa por primeiro, nos impulsiona a mudar a viver a fé a desabrochar para uma vida nova e converter-nos descobrindo os sinais dos tempos descendo do Tabor. Assim a nossa vida caminha entre a gratuidade da Graça de Deus e o nosso penoso esforço para acolher e lutar pelo Reino. Deus confia em nós, espera, dá chance oferece sempre um tempo a mais (Evangelho). O coração de Deus é feito, revestido literalmente de misericórdia! Este coração vivo é uma pessoa: Jesus! A misericórdia paciente de Deus é uma especialidade totalmente divina, uma bênção da história. Deus quer ver, todavia, frutos de penitência e conversão. E a Quaresma é tempo propício para esta empreitada sempre adiada. O Papa nos oferece um exemplo quando ao deixar diz: “SOU APENAS UM PEREGRINO QUE COMEÇA A ÚLTIMA ETAPA DE SUA PEREGRINAÇÃO”.
O que diz o Evangelho (Lc 13, 1-9)
“Sangue” (v.1) Faz-se referência a uma reação brutal de Pilatos durante um levante quando mandou matar alguns Judeus no meio do sacrifício. Pilatos queria construir um aqueduto utilizando o tesouro do templo, daí o protesto terminado num banho de sangue! Fazia parte da mentalidade comum que os que foram assassinados eram mais pecadores dos outros.
“Mas se vós não converterdes” (v. 3). A desgraça alheia não é um convite a se fazer de juízes, mas, a converter- se plenamente em vista do encontro com o Senhor, juiz universal. Jesus se dissocia da ideia da época de que os judeus que tinha morrido fossem mais pecadores e culpados do que outros, mas faz presente que estes fatos são um chamado a abrir os olhos à conversão!
“E aqueles dezoito” (v.4). Trata-se de outro acontecimento: o acidente da queda de uma torre que resultou na morte de dezoito pessoas.
“Ireis morrer todos do mesmo modo” (v. 5). Mais uma vez é um convite a interpretar os fatos na perspectiva do fim dos tempos. Os que não seguem o caminho de Jesus (9,23; 12,51) excluem-se a si mesmos. (Cfr. também Dt 8,20).
“Contou esta parábola” (v. 6). Esta parábola da figueira completa o ensinamento da conversão com a paciência do vinhateiro que é a mesma paciência misericordiosa do Senhor. A figueira contenta-se de uma terra pobre e numa videira encontra terreno muito bom para se desenvolver. Deve, porém, produzir frutos para não empobrecer o mesmo terreno. A obstinação dos Judeus pode resultar numa exclusão, mas, Jesus quer revelar a misericórdia e paciência de Deus. Um apelo ao coração humano.
A Palavra ilumina nossa vida
a)Abrir os olhos.
A primeira mensagem é aquela de saber ler os fatos da história com olhos de fé e enxergar a presença de Deus. Perguntamos: por que Deus permite as desgraças, as calamidades, a violência? Devemos ter ainda esperança num Deus que permite estes fatos? Jesus nos ensina que as desgraças da vida, como doenças, desastres naturais, imprevistos etc. não são castigo de Deus tipo errou pagou! São um convite para aceitar o projeto de Deus e sua vontade e um convite para acordar! Na ação e na Palavra de Jesus descobrimos uma chance de conversão e de ação uma nova oportunidade de amar mais e servir. É importante então abrir os olhos para enxergar as oportunidades novas, para discernir nos fatos, mesmo “inexplicáveis” a linguagem de um Deus sempre amoroso que nunca nos abandona. Uma “leitura divina” da vida sem nenhuma miopia espiritual, ou sem nenhuma vista curta procurando apenas viver no comodismo em que estamos sem buscar o novo e sem querer ou poder olhar longe no caminho da santidade. Discernir: quais passos devo fazer neste momento presente de minha vida?
b)A Paciência de Deus.
A segunda mensagem é uma luz clara sobre a paciência e amor de Deus. Para nós que trabalhamos numa pastoral é preciso aprender com a paciência de Deus: as pessoas mudam a caminhada vai para frente, mas, muitas vezes, não na velocidade que gostaríamos. Se Deus não tem pressa conosco, aliás, aposta mesmo em cada um\a de nós precisamos nós também dar o tempo para que uma comunidade, uma pessoa possa crescer assimilar a fé e assumir compromissos: esperar o momento e o tempo de Deus!
c)A surpreendente vocação de Deus!
Quando falamos de vocação pensamos sempre no chamado de Deus para com uma pessoa e com cada um\a de nós de forma especial. Na primeira leitura surpreendentemente nos deparamos com a VOCAÇÃO DE DEUS! Ele, e não Moisés é o primeiro vocacionado do texto, pois, ouve aflição do povo o seu clamor. (v 7). Podemos dizer, de certa forma, que Ele é chamado pelo povo! E o que faz Deus? “Desce para libertar” e dar uma terra nova (v.8). De fato a primeira leitura Ex 3,1-8ª. 13-15 ensina que o Deus da Bíblia é um Deus que desce se preocupa com o seu povo, e é um convite a rever a nossa vocação batismal e específica, a lutar contra toda escravidão.
d)Um convite à conversão
A segunda leitura 1 Cor 10,1-6.10-12 lembra os grandes momentos de graça do povo hebreu que recebeu muitas graças e atenções de Deus, no entanto “a maior parte deles desagradou a Deus” (v.5) . Nós também podemos dizer: todos nós fomos batizados, todos crismados, todos comungamos fomos perdoados todos recebemos muitas graças e fomos e somos amados por Ele...no entanto... Qualquer que seja o estado de nossa vida e consciência temos urgente necessidade de mudar de vida!
Oração e ação
Viver a vocação “descendo”.
Experimente a dizer sim de novo à tua vocação da vida e vocação batismal e específica (VC, matrimonial, sacerdotal, ministerial), mas “DESCENDO”, ou seja, vivendo plenamente o serviço, a DOAÇÃO, A GRATUIDADE, O AMOR, A MISERICÓRDIA, A TERNURA, A VIDA, A CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE AMOR CONCRETO AOS JOVENS. E agradeça a Deus pelo dom de tua vocação. Oração e vocação caminham juntas!
Uma autêntica experiência de Deus: “desamarre as sandálias” (Ex 3,5)
Moisés “viu” Deus na sarça ardente: uma “visão extraordinária” uma sarça que queimava e não se consumia! (v.2-3). Trata-se de um fato marcante na vida de Moisés e do povo! Deus lhe disse de “tirar as sandálias”, pois, aquela terra era santa (v.5). Um convite a viver, nesta semana, esta mesma experiência extraordinária: vivemos numa terra santa. Nosso coração, nossa família, nossa comunidade, nossa pastoral, nosso trabalho é também Terra Santa. O cotidiano é Terra Santa! Precisamos desamarrar as sandálias: só precisa saber reconhecer a presença de Deus, amor que queima e é vida, na história, na luta nos conflitos, nas dores e alegrias. Sair da presunção que somos quem sabe quem! Com certeza vai brotar dentro de você a verdadeira oração que se funde com a vida.
Trabalhar mais pelo Reino
A figueira infecunda estimula o vinhateiro a trabalhar mais para fazer com que a planta produza frutos. Temos a tentação de excluir, eliminar, jogar fora. Jesus na parábola sugere algo de mais corajoso e ousado: redobrar o amor e o empenho. Isto vale na pastoral e de forma especial na CF. Muito amor com a juventude!
“Como Maria junto a Jesus, a Igreja diante do jovem é: exigente, reveladora, educadora, compreensiva, e, acima de tudo promotora do profundo diálogo com Deus. Em suma, a Igreja deve ser a grande catequista da juventude”(Texto base n 303)
Boa semana para todos e todas. Pe. Mário Guinzoni OSJ
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