4 º DOMINGO DO TEMPO COMUM -C

A DIFÍCIL MISSÃO DE SER PROFETA.

O Evangelho de hoje retoma o final do domingo passado. Jesus naquela ocasião, apresentou seu projeto de missão. Na continuação do Evangelho Jesus logo sente na pele a rejeição e a dureza de ser profeta e diz: “Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria” (Lc  4, 24). Cristo não se deixa intimidar e repassando a história do povo lembra aos seus patrícios que no tempo de Elias e Eliseu não era muito diferente. De fato, ser profeta foi sempre  missão complicada basta dar uma passada rápida não só na história bíblica, mas também, da Igreja. E hoje não é diferente! Somos profetas pelo Batismo e mesmo não tendo recebido uma investidura especial, não podemos abdicar deste compromisso. Todavia, temos medo de falar de Deus, de transmitir os valores do Reino sobre, a vida, a família, a ética, medo de denunciar que muita coisa “não presta”. Claro:  a profecia, hoje mais do que nunca, deverá se revestida de amor, misericórdia e caridade (Segunda leitura), mas, continua sendo profecia sem descontos. O Evangelho e o Reino não mudam nunca!

APROFUNDANDO O EVANGELHO (Lc 4, 21-30)

“Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes  de ouvir” (v.21).

Jesus usa uma forma passiva e não diz: ‘Eu cumpro esta Escritura’,querendo afirmar que é  Deus que age e  que Ele se “deixa fazer” “se deixa acontecer” pelo Pai. Literalemente se traduz assim: “esta Palavra se cumpriu aos vossos ouvidos”.

“Não é este o filho de José?”(v. 22)

Para seus patrícios ficava claro que o filho de José não poderia ter títulos messiânicos. Para eles Jesus nada tinha de extraordinário. Não se trata de desprezo, em relação a José e até engrandece, indiretamente, a missão que ele recebeu do Pai.

 “Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”(v.24)

Os profetas do passado viveram os seus dramas de rejeição por causa de serem “apenas” membros do povo.Os habitantes de Nazaré não aceitam Jesus por ser apenas um deles (Cfr Mt 13,58).Para confirmar Jesus lembra Elias e Eliseu (Cfr. 1 Rs 17,7-24;2 Rs 5),os maiores profetas, que não sendo acolhidos pelo povo levaram a profecia em território pagão, ou a pessoa pagãs. O programa de Jesus (cfr. o texto de domingo passado Lc 4,18-19) não tem limites territoriais!

“Levaram-no até o alto do monte sobre a qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício.  Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho”.(v.29-30)

Conduzem Jesus sobre um lugar alto da cidade. Podemos lembrar o pináculo do Templo (Lc 4,9) onde o demónio propôs a Jesus de jogar-se e lembramos a altura do Gólgota onde foi levantado (Lc 23,33). O início da missão já encerra a Paixão! Jesus, todavia, não muda seu rumo e este gesto de certa forma evoca por antecipação a Ressurreição.Assim o mistério da Cruz elimina as fronteiras entre Hebreus e pagãos (Ef. 2,18-22).

MEDITANDO A PALAVRA

  Começamos com a primeira leitura: Jr 1,4-5.17-19. A profecia incomoda sempre, mas, é  sempre forte esperança, prenúncio de auroras. A primeira leitura lembra Jeremias, o profeta de Anatot, sumamente incomprendido e rejeitado (exerceu a profecia de 626- a587 A.C).Vamos conhecê-lo mais. Sua palavra nunca foi ouvida, mas, apenas temida. Ameaçado de morte, preso, passando fome, maltratado, acusado de traição, o jovem Jeremias, chamado por Deus “antes de formar-te  no ventre materno” (v. 1,5) grita a Deus “Tu me seduziste, Senhor..” (Jr 20,7 ss) e sente- como que tomado por Deus como por um fogo ardente que não podia conter (Jr 20,9). Pois bem, este profeta, mesmo enfrentando tudo consegue olhar para o futuro e enxerga a aurora na escuridão total e anuncia uma Aliança nova: “Porei minha lei dentro deles e a escrevrei sobre o seu coração”.Vivemos num momento profético da juventude neste 2013, aliás, a juventude é de certa forma uma profecia para o mundo, e  ela pode encontrar nesta figura esplendida da primeira leitura de hoje estímulos para viver a serviço de Deus contando com a promessa de Deus: “estou contigo para defender-te” (v.19). A vocação de Jeremias nos lembra que, mesmo em vocações específicas diferentes,  todos nós somos profetas.

 Mas, tem um...mas! Os patrícios de Jesus percebem o “encanto”(Lc 4,.22) de suas palavras e de seus gestos de cura, mas não fazem ulteriores passos de fé e não o escutam. JESUS, O GRANDE JOVEM PROFETA não se atemoriza, e se coloca abertamente na companhia dos profetas do passado e faz aquela declaração  verdadeira para todos os tempo: “nenhum profeta é bem recebido em sua pátria (v. 24)”  Sabem muito bem isso os “profetas pais”, “os profetas educadores”, “os profetas da Palavra dentro e fora da Igreja” os profetas consagrados\as que querem uma VC mais radical”,  os que querem anunciar algo de novo e de diferente na sociedade, na política, no cotidiano do dia... Sabem que a luta é dura! Raramente alguém é profeta em sua pátria!

  Então, se você que quer ser profeta segundo o coração de Jesus, pode encontrar na Palavra de hoje  duas orientações. a) A segunda leitura que continua aquela de domingo passado  (1 Cor 12,31-13,13) mostra que a profecia é sobretudo o amor anunciado,vivido. De fato, JESUS É O MAIOR PROFETA, LOGO O AMOR É A MAIOR PROFECIA!”. Amor que vai até o perder-se, se doar, se entregar. b) O salmo responsorial 70 nos mostra a confiança em Deus:  só o profeta que confia totalmente em Deus encontrará luzes para ser profeta mesmo na cruz: “Procuro meu refúgio em vós, Senhor, que eu não seja envergonhado para sempre”(v 1).

Tudo isso, fica bem evidenciado quando lembramos a expressão  que  o Papa Paulo VI dizia já no seu tempo: “O mundo não precisa de mestres, mas de testemunhas e só aceita os mestres quando são testemunhas”,  sublinhando a importância de os mestres também serem testemunhas de fé.Para ser profeta precisa ser testemunha coerente!

VIVENDO E ORANDO A PALAVRA

As leituras de hoje nos ajudam a viver e a orar com mais intensidade duas realidades importantes: 

a) a nossa vocação ( primeira leitura e Evangelho) b) o amor (segunda leitura).

a)  A vocação é dom, graça, de Deus: eu não tenho vocação ela me tem, me possui. É como se Deus me possuisse com sua eleição e escolha. Dizer sim, responder  a Ele é consequência e o que precisa é se abandonar  nele para viver uma missão a serviço do Reino. Pergunte-se: como estou vivendo a minha vocação específica (leigo\a, pai-mãe, religioso\a, sacerdote?). Falta-me  quem sabe  apaixonar-me  mais de Jesus? Falta-me um compromisso maior com as pessoas ao meu redor? Vocação é uma questão de amor.Agradeça a Deus por ela.

b)  Mas o que é o AMOR? À luz do acontecimento de Santa Maria (RS) que vitimou mais de 230 adolescentes e jovens e diante das famílias enlutadas, amor é compaixção. Mas, compaixão bíblica, divina.Ter compaixão é também orar a Deus que acolha no seu Reino com seu “BEIJO” de amor aqueles jovens.Uma música cantava: a melhor oração é amar. Vai aqui esta reflexão, sobre o acontecido, entre tantas.

“Compaixão é algo muito mais forte, profundo, singular. Diz respeito à capacidade humana de se identificar com a dor do outro e, na medida do possível, amenizá-la, participando de atos de solidariedade, escutando a revolta de quem perdeu a filha querida, abraçando as pessoas, compartilhando recursos sem segundas intenções, dando a mão literalmente para que as pessoas atingidas não caiam completamente prostradas.

Compaixão é um conceito bíblico central, que aparece de modo especial nos profetas. Deus tem compaixão do seu povo. Ele o levanta do solo como uma mãe ergue seu filho para lhe dar de mamar ou para protegê-lo (Oséias).  A compaixão é algo tão sagrado que no profeta Isaías se torna um atributo exclusivo, em sua mais alta acepção, da ação de Deus para com o ser humano”.

(Professor Roberto Zwetsch - Faculdades EST – São Leopoldo, RS – 30/01/2013)).

Sempre em clima jovem, aquecendo o coração, A ORAÇÃO DA C.F 2013:

Tema: Fraternidade e Juventude-Lema: "Eis- me aqui, envia-me" (Is 6,8)

Pai santo, vosso Filho Jesus, conduzido pelo Espírito e obediente à vossa vontade, aceitou a cruz como prova de amor à humanidade. Convertei-nos e, nos desafios deste mundo, tornai-nos missionários
a serviço da juventude. Para anunciar o Evangelho como projeto de vida, enviai-nos, Senhor; para ser presença geradora de fraternidade, enviai-nos, Senhor; para ser profetas em tempo de mudança, enviai-nos, Senhor; para promover a sociedade da não violência, enviai-nos, Senhor; para salvar a quem perdeu a esperança, enviai-nos, Senhor; para..

PADRE MÁRIO GUINZONI OSJ - BOA SEMANA PARA TODOS\AS